Se você pensa que fractal é um meio que gera somente imagens de rara beleza como espirais extraordináriamente complexas ou intrincadas perspectivas que parecem "tragar" o espectador para o interior do swirl , então você ainda não viu nada.
Eu penso que fractal é uma ferramenta de desenho, tanto quanto o lápis, o carvão, o pastel, o crayon... Sendo assim, estamos aptos a realizar qualquer tipo de imagem não representacional, quero dizer, não somos capazes de criar representações realistas embora possamos chegar bem perto do que classificamos como "realidade". Deixe-me explicar: desde que o desenho é uma arte autônoma e sendo o fractal uma técnica para desenhar, as imagens que produzimos em fractal possuem a mesma autonomia estética que caracteriza qualquer outra forma de representação. Fractais não estão subjugados pela realidade. Eles somam-se à realidade tangível dos nossos sentidos, desvendeando outras possibilidades formais para nossas percepções e para o nosso entendimento da realidade. Tal é, enfim, a função de todas as obras de arte, não é mesmo?
Estes dois trabalhos foram realizados com o tema das pesquisas genéticas, cujo controle (ético ou científico) eventualmente possa escapar da sociedade e, portanto, gerando a possibilidade de que a aberração se torne a norma dominante no mundo. O primeiro, do "monstro" imereso no ambiente verde, chamei de "Não Deixem Eles Procriarem"; e ao segundo, cuja disposição gráfica lembra um motivo de papel de parede para quarto de criança, dei o título de "Berçário".
Apesar da temática incomum para o que geralmente se atribui como a finalidade estética do fractal, vemos em ambos trabalhos o elemento que é preponderante em nosso meio de expressão: a espiral!
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