Uma vez por ano, durante o verão, uma corrente de água gelada vinda das profundidades abissais chega às praias do Rio de Janeiro. A água gelada é limpíssima e a transparência permite ver o as rochas do Arpoador até o fundo. O local ganhou esta denominação na era da caça às baleias, quando os cetáceos eram atingidos com o arpão arremessado do rochedo no final da praia de Ipanema. A pedra avança para o mar propiciando ainda hoje um local previlegiado para os pescadores, não mais arpoeiros, mas tão somente empunhando a vara de nylon ou de bambú, girando o molinete e tirando um cherelete do mar, pois as baleias há muito deixaram de freqüentar tão perigosas paragens.
Pois bem, quando a corrente gelada chega, Ipanema recebe a água fresca e límpida que transforma o mar numa vitrine deslumbrante para o mergulhador noturno. Isso mesmo, prezado visitante do blog, a luz das lanternas propicia uma qualidade superior para a observação da flora e da fauna do oceano. Com a água límpida as lanternas atingem a grande distância e com riqueza de detalhes. Sem a interferência dos ráios do sol os constrastes tornam-se mais nítidos, revelando um riquíssimo colorido no fundo e nas rochas incrustrados de corais, onde anêmonas, estrelas, algas e toda espécie de ser extraordinário se agarram. Fui para lá com uns amigos. O meu mergulho foi ridículo, pois me dou muito mal na água. Deixei-me ficar agarrado ao bote de borracha com a cabeça metida dentro da água. Mas foi o bastante para perder o fôlego maravilhado. Este fractal tenta reproduzir aquelas paragens coloridas que eu entrevi como um intruso descortinando um jardim proibido.
Comments
I like this one very much. The title and the image enhance each other. I went swimming once at night and saw the same thing in Canada. At night, in the water, we are all in the same place.