Existem algumas flores que apenas florescidas, começam a se extingüir na brevidade de algumas horas. Para mim acontece a mesma coisa com as espirais. Apenas nascidas e observadas por um instante, imediatamente começam a perder a magia do seu mistério, tal a conscisão de seu minúsculo significado e como aquelas, que murcham, elas rapidamente deixam de me interessar, extinta abruptamente toda vida que as animava.
Mesmo as mais intrincadas espirais, cujo engenhoso swirl sugere o fruto de uma minuciosa paciência capaz de arquitetar a complexidade gráfica da sua trama, mal resistem a um segundo olhar. Banalizam-se, como estas garotas cujos adornos (e perfumes) superam, por demasia, a simples beleza de sua presença. Nada há de mais efêmero do que a visão de uma espiral.
Nisso encontro um sentido trágico, a razão mesma que desconhece tal fatídica sentença, ao mostrar-nos, quase descuidadamente, tanto desejo de beleza, que entretanto logo se encerra, como se o destino de sua existência fosse únicamente, e não outro, aquele de uma fútil existência condenada ao pronto desaparecimento.
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