Mapeando o espaço: a grade modular
A grade pode ser justamente considerada como um dos emblemas do Modernismo. Como sinal do espaço cartesiano, a grade pode ser definida pelas suas características de regularidade, homogeneidade, anonimato, repetição, falta de hierarquia, plena expansão e, acima de tudo, pelo seu próprio tipo de predeterminação. A grade é sinal de uma ordem pré-estabelecida, embora não de uma harmonia natural, mas sim um sistema de coordenadas matemáticas. A grade fornece a estrutura a priori de um espaço vazio, o espaço de um outro tipo de representação, representação mental, no qual o espaço é considerado como um 'quadro' que deve preceder as coisas que ali serão 'aprisionadas', independentemente de suas características qualitativas. Como tal, a grade oferece uma imagem de 'coordenação', isto é um quadro estável, em que os movimentos do olhar possam ser matematicamente traçados. O dinamismo que se obtém, como mostrou Mondrian, deriva da própria natureza 'física' da grade, ao explorar o antagonismo fundamental entre as linhas verticais e as horizontais.
A grade me serve para subverter a perfeição do quadrado com uma linha diagonal que irrompe dividindo a regularidade da superfície em duas áreas distintas, pela luz que incide apenas num lado da composição, produzindo assim uma instabilidade no olhar. Ademais, procuro preencher toda a superfície com outras áreas menores, justamente mal-coordenadas para produzir uma espécie de 'inquietação' no olhar.
Eu não resisto encerrar esta nota sem uma citação extraída do capítulo 'Grids', de uma das minhas mentoras no assunto da teoria da estética: Rosalind E. Krauss, em The Originality of the Avant-Garde and Other Modernist Myths:
A grade pode ser justamente considerada como um dos emblemas do Modernismo. Como sinal do espaço cartesiano, a grade pode ser definida pelas suas características de regularidade, homogeneidade, anonimato, repetição, falta de hierarquia, plena expansão e, acima de tudo, pelo seu próprio tipo de predeterminação. A grade é sinal de uma ordem pré-estabelecida, embora não de uma harmonia natural, mas sim um sistema de coordenadas matemáticas. A grade fornece a estrutura a priori de um espaço vazio, o espaço de um outro tipo de representação, representação mental, no qual o espaço é considerado como um 'quadro' que deve preceder as coisas que ali serão 'aprisionadas', independentemente de suas características qualitativas. Como tal, a grade oferece uma imagem de 'coordenação', isto é um quadro estável, em que os movimentos do olhar possam ser matematicamente traçados. O dinamismo que se obtém, como mostrou Mondrian, deriva da própria natureza 'física' da grade, ao explorar o antagonismo fundamental entre as linhas verticais e as horizontais.
A grade me serve para subverter a perfeição do quadrado com uma linha diagonal que irrompe dividindo a regularidade da superfície em duas áreas distintas, pela luz que incide apenas num lado da composição, produzindo assim uma instabilidade no olhar. Ademais, procuro preencher toda a superfície com outras áreas menores, justamente mal-coordenadas para produzir uma espécie de 'inquietação' no olhar.
Eu não resisto encerrar esta nota sem uma citação extraída do capítulo 'Grids', de uma das minhas mentoras no assunto da teoria da estética: Rosalind E. Krauss, em The Originality of the Avant-Garde and Other Modernist Myths:
The grid is an introjection of the boundaries of the world into the interior of the work; it is a mapping of the space inside the frame onto itself. It is a mode of repetition, the context of which is the conventional nature of art itself.
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